terça-feira, 6 de março de 2012

Home is where the heart is




Do alto onde ele estava, Rafael observava tudo e todos, e mesmo de longe, ele podia ver e ouvir muito bem qualquer um dissesse.
Havia uma semana que Rafael estava vagando pela Terra, ele foi designado a passar um mês em missão, protegendo e fazendo o que fosse preciso para ajudar as pessoas.
Apesar de já ter vindo outras vezes à Terra, nada era tão surpreendente como estar na Austrália. O lugar onde ele fora enviado, era um vilarejo pequeno e acolhedor, as pessoas eram simpáticas, simples.  Era como se lá fosse um pedacinho do seu tão conhecido céu, fazia com que ele se sentisse bem, à vontade.


Rafael estava sentado no alto de uma pedra perto da praia. Era uma noite de terça-feira, ele havia feito uma ronda o dia inteiro, fazendo pequenos feitos, ajudando aqui e ali, sempre com discrição, para que não fosse notado. O que era muito difícil, se tratando de um lugar pequeno onde todos se conheciam.
Já passava das duas da madrugada, quando de repente, uma moça que pelo volume abaulado de seu ventre, está claramente grávida; ela aparece andando vagarosamente sobre beira do mar. Ela trajava um vestido todo solto e comprido, na cor de um azul celeste. Seus cabelos eram loiros e ela tinha na pele aquele tom bronzeado característico de quem passa muito tempo ao sol. Era uma cor saudável, nada exagerado. Ela dava a impressão de ser uma mulher cálida; a calma e a leveza com que caminhava dava a irônica aparência de um anjo.
Depois de um tempo parada de frente pro mar, ao que tudo indicava, apenas observando as ondas, ela se sentou e abaixou a cabeça enquanto colocava as mãos no rosto. Com esse gesto, Rafael percebeu que talvez ela só estivesse leve externamente; pois imediatamente, seu sentido aguçado o fez ver a cor de sua aura. Era uma cor pesada, um cinza opaco e triste, tão diferente da cor de sua pele, cabelo e roupa que ficava evidente que ela não estava bem. Rafael se culpou por não ter percebi logo de cara, e isso só aconteceu porque ele deu atenção demais à sua aparência e de menos ao que realmente devia ver; sua alma.
Apesar da cautela que devia ter, Rafael se aproximou da moça. Esse era um caso que requeria sua presença ao lado dela.
Não querendo assustá-la, ele andou de vagar e perguntou com uma voz suave, ainda atrás dela: Está tudo bem com você?
Todo seu corpo deu um sobressalto e sua cabeça rapidamente se virou para ver quem estava falando. Ela ficou encarando, sem nada dizer. Seu rosto era lindo, estava franzido, e ela possuía uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas.
–– Posso me sentar ao seu lado? – perguntou Rafael, percebendo que ela não havia respondido sua pergunta anterior.
Ela balançou a cabeça afirmativamente e ele tentou fazer os movimentos mais suaves possíveis para tentar não assustá-la mais ainda.
Ele sentou ao seu lado e ficou olhando o mar, pensando no que fazer enquanto sentia seus sentimentos. Ela estava triste, extremamente triste, mas sua chegada lhe despertou curiosidade e preocupação. Não era pra menos, ela estava grávida e sozinha em uma praia com um estranho em plena madrugada.
–– O que você está fazendo aqui? – ela perguntou com uma voz baixa.
–– Eu acho que posso lhe fazer a mesma pergunta.
–– Eu... precisava caminhar um pouco, respirar o ar fresco.
–– Às duas horas da manhã? – perguntou ele meio divertido meio contrariado. Ela só podia ser louca de andar uma hora dessas estando grávida desse jeito.
Quando ela olhou pra ele com as sobrancelhas arqueadas ele percebeu que havia pronunciado aquelas palavras e não apenas pensado.
–– Eu estou em ótimo estado mental, obrigada. E eu sei que estou uma baleia, não precisava ressaltar isso.
–– Você está longe de ser uma baleia, e me desculpe, eu não quis ofender você, é só que não me parece certo uma mulher andar sozinha pela madrugada estando grávida do jeito que você está, me parece perigoso.
–– Eu faço isso com muita frenquencia e nunca me aconteceu nada, todos aqui me conhecem.... Exceto você, presumo. Você não é daqui.
–– Não, vim passar algumas semanas de férias.
–– De onde você é?
–– De muito longe – ele respondeu simplesmente. –– Qual seu nome?
–– Emma. E o seu?
–– Rafael. Você ainda não me respondeu se está tudo bem...
–– Sim, está tudo bem – respondeu virando seu rosto para frente em uma expressão firme.
–– Você está de quantos meses? – perguntou Rafael ignorando por ora sua resposta; ele sabia que ela não estava bem.
–– Hoje completo sete meses.
–– E você não tem ninguém em casa que possa estar preocupado com você, seus pais... marido?
–– Eu vivo sozinha – disse ela com um suspiro.
Nenhum dos dois falou coisa alguma depois disso, ficaram apenas um ao lado do outro ouvindo o barulho do mar e perdidos em seus próprios pensamentos.
Rafael pensou em usar seus poderes para curar e deixar sua alma mais leve, mas ele achou que isso era uma coisa que ele teria que tentar resolver da forma mais humana possível. O instinto lhe dizia isso.
Depois de alguns minutos, Emma estremeceu de leve e colocou as mãos na grande barriga.
–– Que foi? – perguntou Rafael alarmado –– Você está com algum tipo de dor?
–– Não, não – sorriu ela tentando tranquilizá-lo –– Ela só está chutando muito ultimamente, deve estar ansiosa para sair.
–– Ah sim, posso sentir? – perguntou ele um pouco hesitante.
–– Claro – disse ela pegando sua mão e colocando onde a sua estivera.
–– Isso é fantástico! – disse ele sorrindo imensamente. A energia que ele sentia de sua barriga era extremamente pura e energizante. Rafael nunca sentira nada parecido em toda sua longa vida.
–– Eu sei – disse ela ainda com a mão sobre a dele. Qualquer um que visse os dois daquele jeito pensaria que eram um casal. Ele estava com o corpo inclinado em sua direção, com uma expressão de puro encantamento enquanto inconscientemente acariciava sua barriga com suavidade.
–– Quantos anos você tem? – perguntou ele de repente, com a mão ainda sobre sua barriga.
–– Vinte e quatro e você?
–– Vinte e oito – pelo menos essa era sua “idade terrestre”, sua verdadeira idade estava muito longe daquilo.
–– Você disse “ela”, qual o nome?
–– Sophia.
–– Sabedoria* – disse ele com um sorriso discreto –– Gosto desse nome.
–– Eu também – comentou ela sorrindo com a obviedade daquilo.
*Sophia do grego: Sabedoria.
Eles ficaram mais um tempo daquele jeito, e Emma realmente estava gostando daquilo. Ela passara sua gravidez inteira sozinha, sem nunca poder compartilhar uma coisa simples e fantástica como os chutes de Sophia, sem nunca ter ninguém para fazer o que quer que fosse.
Ela era muito conhecida e querida no vilarejo, mas não era a mesma coisa. Não chegava a ter intimidade o suficiente com ninguém para compartilhar esse tipo de coisa. E então, ela percebeu que também não tinha intimidade com esse completo estranho. Apesar do conforto que ela sentia ao lado dele, isso é tudo o que ele era; um estranho.
Não se pode negar que ele era lindo, na verdade ele era mais do que lindo. Não eram feições comuns. Seu rosto era calvo, com um nariz perfeitamente reto, os lábios grossos, que quando sorriam mostravam uma fileira de perfeitos dentes brancos enquanto formavam adoráveis covinhas na bochecha. E ao final de tudo, tinha aquele maxilar fortemente marcado com uma camada de uma barba que não era feita numa média de dois dias. Seu corpo era alto e esguio – ela tinha percebido quando ele aparecera do nada atrás dela –, os ombros largos e os braços fortes. Nada exagerado, ele era perfeito.
E depois dessa longa análise de sua aparência, ela percebeu que estava o encarando de uma maneira que não era muito discreta. Emma virou o rosto rapidamente para frente, enquanto corava fortemente.
–– Está tarde, acho melhor eu ir andando.
Ele levantou mais rápido que ela e esticou a mão para ajudá-la a se levantar. Ela precisou de mais ajuda do que os dois imaginaram. Vendo que ela estava com dificuldade, ele se abaixou mais para envolver sua cintura e ergue-la.
–– Desculpe por isso – disse ela um pouco constrangida enquanto fazia uma careta de dor.
–– Sem problemas. Mas eu realmente acho que você não devia ficar se arriscando, é muito perigoso no seu estado.
–– Eu já disse que posso me cuidar sozinha.
–– E eu não duvido disso, mas ainda assim, é perigoso.
–– Tudo bem... Eu tenho que ir.
–– Eu te levo até sua casa.
–– Não precisa....
–– Eu sei – ele a cortou –– Mas eu faço questão.
–– Ok – disse ela com um suspiro.
 Eles andaram em silêncio por um tempo até que Rafael não se controlou e acabou perguntando o que não conseguia deixar pra lá.
–– Onde está o pai de Sophia?
–– Eu não sei, ele sumiu quando eu disse que estava grávida – ela respondeu com a maior indiferença que pôde, mesmo isso lhe rasgando por dentro.
–– Eu sinto muito – disse Rafael e Emma pode perceber que sua voz estava coberta de compaixão.
–– Está tudo bem, nós estamos melhor sem ele.
Depois de alguns minutos eles entraram em uma rua bem próxima à praia e lá estava uma linda casa branca, cheia de flores arbustos na frente. Emma foi se dirigindo ao portãozinho de madeira logo à frente e se virou para Rafael.
–– Obrigada por tudo – disse ela com um sorriso.
–– Não foi nada. Tem certeza que você está bem?
–– Sim, eu tenho. Não precisa se preocupar.
–– Tudo bem, então. A gente se vê por aí.
–– A gente se vê – concordou ela e entrou no portão, logo abriu a porta sem estar trancada nem nada e ele foi embora.

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 Fazia quase um mês desde aquela noite, e desde então, Rafael aparecia todos os dias na casa de Emma para lhe fazer companhia. Ele cuidava dela e a fazia se sentir protegida, Rafael era um homem misterioso, não falava muito sobre sua vida, mas que estava sempre disposto a fazer o que quer que fosse para o bem e o conforto de Emma.
Era uma tarde de sábado, quando ele chegou lá e foi entrando como o de costume, sem bater na porta. Chamou por Emma e ela não apareceu, já preocupado começou a andar pela casa à sua procura, até que parou em seu quarto; a visão que ele teve o deixou parado por um bom tempo, ele não falou nada, apenas ficou olhando Emma, que estava só de calcinha e sutiã em frente ao espelho e perigosamente sexy para uma grávida. Seus seios estavam fartos por causa do leite e todo o resto perfeito. Seu bumbum e pernas eram firmes e de tamanhos excepcionais. Ele estava fitando-a da cabeça aos pés, quando seus olhos chegaram ao seu rosto pelo reflexo do espelho, encontraram os dela que imediatamente se virou e pegou um robe de seda cor de pêssego que estava por perto.
–– Desculpe por isso –– disse Rafael verdadeiramente envergonhado de seu comportamento.
–– Tudo bem –– disse ela com o rosto corado –– Eu não esperava você por essa hora.
–– Eu sei, mas como estive livre de minhas obrigações mais cedo, resolvi dar uma passada para ver como você estava. Eu chamei, mas você não ouviu, então vim até aqui e....
–– E me encontrou aqui semi-nua observando minha nova forma de baleia –– terminou ela com uma risada.
–– Que mania que você tem de achar que parece uma baleia –– disse ele com uma careta –– Você está longe disso, acredite em mim. É a mulher mais linda desse vilarejo.
O próprio Rafael se espantou por ter dito aquilo, mas era a verdade.
–– Obrigada –– respondeu ela desviando o olhar ao mesmo tempo em que ele percebia que ela não acreditava inteiramente em suas palavras.
–– Estava pensando em fazermos um piquenique atrás de sua casa, o que acha? –– propôs Rafael mudando de assunto.
–– Boa ideia –– respondeu ela com um sorriso.
Eles pegaram tudo que era necessário e se dirigiram aos fundos da casa, que tinha um gramado e algumas sombras proporcionadas pelas árvores ali perto. Era um cenário perfeito para um piquenique. Os dois comeram e conversaram bastante, se divertindo e se conhecendo um pouco mais. Emma se deitou enquanto Rafael contava para ela uma de suas histórias e ele migrou suas mãos para sua barriga. No exato momento em suas mãos pousaram, Sophia chutou.
–– Olá, menina –– saudou ele com um sorriso. Ela chutou novamente.
–– Ela gosta do som de sua voz –– disse Emma com os olhos fechados –– Sempre que você chega, ela chuta.
–– Vejo que tenho uma fã –– disse ele com um sorriso orgulhoso.
Ele se inclinou e depositou um beijo em sua barriga, logo sentiu um chute, Rafael ria feito bobo com aquilo. Emma se surpreendeu com aquele gesto, mas não disse nada.
Rafael olhou para ela e pegou sua mão que também estava sobre a barriga, e com a outra mão, tirou alguns fios de cabelo que estavam em seu rosto. Emma abriu os olhos e os dois ficaram fitando-se profundamente por um tempo, antes de Rafael estreitar mais o espaço entre seus rostos e depositar-lhe um beijo gentil em seus lábios. De início foi a penas isso, um beijo gentil. Então, Emma que nos últimos tempos estava com algum tipo de fogo interior, levou sua mão à nuca de Rafael e aprofundou mais o beijo. Ele correspondeu com igual intensidade, e quando ambos perceberam, estavam beijando-se desesperadamente, como se suas vidas dependesse disto.
Rafael rolou para ficar no meio de suas pernas e abaixou-se gentilmente para não colocar peso demais sobre a barriga; seus olhos estavam fixos no rosto de Emma então eles sorriram lentamente um para o outro enquanto ele enlaçava suas mãos na dele e colocava acima de sua cabeça para voltar a beijar-lhe.
Eles ficaram desse jeito por um tempo até que Emma começou a ofegar e lutar para libertar as mãos, Rafael permitiu e então pegou em uma se suas coxas para que ela enlaçasse a perna ao redor dele. Emma pegava o cabelo de sua nunca em tufos com força, ela estava pegando fogo. Seu corpo estava muito sensível por causa da gravidez e todos aqueles hormonios estavam levando-a à beira de um colapso.
Rafael fez o que ela mais queria; tirou a própria camiseta e então tirou também seu vestido juntamente com o sutiã. Emma pesou que teria um orgasmo ali mesmo, daquele jeito que estavam, apenas se beijando ao sentir seu corpo em contato com o dele. E quando ele pegou seus seios na mão, massageando-os e levando um deles à boca, Emma teve seu orgasmo, o que surpreendeu aos dois.
–– Você acabou de ter um orgasmo? –– perguntou ele surpreso e apertando ainda mais seus seios, ainda que não fosse de forma rude. Todo o corpo de Emma se arqueou enquanto ela gemia com aquilo e ela abriu os olhos.
–– Sim –– respondeu ela com a voz fraca.
–– Meu Deus –– disse ele antes de beijar-lhe novamente. Então ele parou e saiu de cima dela. Ela ficou olhando-o com um misto de medo e frustração. Ele então estendeu sua mão para que ela a pegasse e então pegou-a no colo.
–– O que você está fazendo?
–– Vou levar você pra cama. Não quero nenhum vizinho de platéia para o que estamos prestes a fazer.
Quando chegaram ao quarto, ele deitou-a com toda delicadeza e tirou as calças. Ele voltou para cama devagar enquanto ela fitava todo o seu corpo com um olhar de expectativa. Ele passou as mãos por toda a extensão de corpo, parando nos seios enquanto afagava-os com força e delicadeza ao mesmo tempo.
–– Você é linda. Simplesmente linda. –– e então, beijou-a novamente.
Os dois já estavam suando quando Rafael afastou sua calcinha e introduziu um dedo dentro dela e logo depois dois. Emma já não continha mais seus gemidos e Gabriel parecia apreciar isso. Impaciente, ela tirou sua cueca boxer preta e apreciou a extensão de seu membro, Gabriel fez o mesmo com ela, tirando sua calcinha, para então distribuir beijos que foram desde seu pescoço, até a parte inferior de suas coxas. Olhou para Emma com um sorriso no canto do rosto e então beijou-lhe o sexo. Emma puxou o lençol que estava sob eles enquanto gemia alto e arqueava o quadril. Gabriel chupava fortemente, lambia e introduzia um dedo enquanto fazia isso. Emma estava quase tendo seu segundo orgasmo, quando Gabriel tirou a cabeça do meio de suas pernas e voltou para cima. Então ele olhou nos seus olhos e penetrou-a lentamente, saboreando e sentido aquele momento. Os dois gemeram alto com o contato e não se contiveram em manter aquele momento lento o suficiente.
Emma colocou a mão nas suas nádegas e apertou enquanto fazia com que ele aprofundasse o movimento. Depois disso, tudo foi uma loucura, nada selvagem, já que sua condição não permitia, mas foi louco o suficiente para que ambos rapidamente estivessem gemendo e gritando. Gabriel estava prestes a ter seu orgasmo, assim como a própria Emma, mas para evitar que isso acontecesse rápido demais, saiu de dentro dela e se virava para sentar-se na cama. Emma percebeu o que ele queria e posicionou-se de costas pra ele enquanto lentamente sentava em seu membro. Ela pegou as mãos dele e apertou-as fortemente ao redor de seu peito enquanto descia e subia sobre ele.
Ela encostou a cabeça em seu ombro e Gabriel beijou-lhe o pescoço,
enquanto Emma estava com ele, tudo o que ela conseguia pensar eram coisas felizes, era como se sua simples presença, deixasse seu espírito renovado, e agora, não era diferente. Emma estava em outra dimensão, em um outro mundo enquanto sentia as mãos e todo o corpo daquele homem sob o seu, aquele homem que em menos de um mês, conseguiu fazê-la se sentir mais querida e bem cuidada do que em toda sua vida.
E então os dois chegaram juntos ao orgasmo, em uma sincronia deliciosamente perfeita. Emma jogou seu peso inerte em cima de Rafael e ele gentilmente saiu de dentro dela e colocou-a deitada ao seu lado. Ele deitou-se também e passou um de seus braços pela sua cintura enquanto colocava uma mão sobre sua barriga e sentia os chutes de Sophia.
–– Acha que ela está chateada comigo? –– perguntou ele num sussurro.
–– Por que ela estaria? –– disse Emma surpresa e divertida com a pontada de arrependimento em sua voz.
–– Não sei... Eu esqueci de perguntar antes... não há nenhum problema para o bebê...?
–– Problema nenhum. –– ela lhe garantiu com um sorriso –– Ela deve estar chutando assim por causa do seu toque.
–– Ah bom –– ele sorriu e beijou sua barriga, no local onde sentia os chutes e sussurrou: Desculpe se te perturbei de alguma forma, pequena.
Emma riu e Rafael levantou a cabeça para olhá-la, ele sorriu e lhe deu um beijo. Sua missão foi vir para ajudar quem precisasse, nunca imaginou que se envolveria tanta com Emma e com a pequena Sophia que sequer tinha nascido.
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Rafael já ia todos os dias à casa de Emma, agora ele ia todos os dias como um namorado. Eles não puseram nenhum tipo de status no relacionamento que vinham tendo, mas era o mínimo que podia-se supor.
Toda vez que ele chegava, o coração de Emma disparava e Sophia chutava freneticamente ao ouvir a voz dele; que sempre sorria imensamente com a manifestação dela.
Rafael não deixava de se envolver com as duas, e aquilo o estava preocupando. Ele havia recebido mais um mês na Terra, mas sabia que logo teria que voltar ao seu lar. O problema, é que ele não via mais o céu como seu lar. Seu lar era onde Emma estava, era estar com ela e poder sentir Sophia entre eles, era estar com elas e se sentir humanamente vivo e completo.
–– Oi, meninas –– gritou ele ao passar pela porta. Emma não estava por ali então ele resolveu ir ao seu quarto e encontrou-a novamente só de lingerie em frente ao espelho.
–– Oi –– respondeu ela sorrindo-lhe atraves do reflexo do espelho.
Ele caminhou até ela e abraçou-a, colocando as mãos em sua barriga para sentir os chutes enquanto pousava a cabeça em seu ombro.
–– Não vai me dizer que é a história de estar parecendo uma baleia de novo...
–– Eu não estava pensando nisso, mas obrigada por trazer o assunto à baila... hoje completo oito meses de gestação.
–– Uau, então faz um mês que nos conhecemos. Parece que faz mais tempo... À propósito, parabéns às duas –– disse ele enquanto virava-a pra que ficasse de frente para ele; ele deu um beijo em sua barriga e outro e seus lábios.
 –– Realmente, parece que faz mais tempo –– respondeu ela enquanto colocava o rosto na curva de seu pescoço e ombro e respirava seu cheiro.
Rafael estava acariciando seus cabelos quando de repente olhou para janela, e viu um querubim o olhando. Antes que ele pudesse esboçar qualquer reação, o querubim bateu as asas e fez um sinal para que Rafael o seguisse.
–– Emma –– chamou ele baixinho para que ela não notasse seu nervosismo –– Eu acabei de me lembrar de uma coisa e tenho que sair. Mas eu já volto, ok?
–– Ok –– respondeu ela um pouco confusa. Rafael era sempre assim evasivo quando se tratava do que ele tanto fazia por aí.
Ele apertou-a mais forte em seus braços e beijou sua testa antes de sair do quarto.
Rafael seguiu o cheiro celestial do querubim e encontrou-o em um canto isolado da praia que ficava próxima à casa de Emma.
–– O que você está fazendo –– perguntou o querubim exasperado –– Você sabe que pode perder suas e nunca mais voltar pra casa, não sabe?
–– Eu sei –– respondeu Rafael simplesmente.
–– E você não vai parar com essa palhaçada?
–– Não é palhaçada, eu quero ficar aqui. Pretendia dizer isso à Ele quando acabasse minha missão, apesar de que óbvio, ele já sabe.
–– Você só pode ter enlouquecido para trocar todo o nosso céu e viver aqui.
–– Lar é onde o coração está, e o meu, com certeza está aqui.
O querubim balançou a cabeça em resignação e sumiu de sua visão. Rafael respirou fundo e se virou para ir para casa de Emma novamente. Quando chegou lá foi direto ao seu quarto, como ela não estava lá, supôs que ela estava no quarto de Sophia; e acertou. Ela estava sentada na cadeira de balanço cantarolando e olhando para janela enquanto acariciava o seu ventre. Quando ela virou-se e lhe sorriu, Rafael percebeu que havia tomado a decisão certa.

- Zaira Silva 

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